sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Pretexto



Busco entre linhas minha rota
Liberto meu corpo sem medo
Pensamentos livres
Criança liberta de conceitos

Nas mãos as chaves de todas as portas
Viajo entre mundos e sonhos
Não tenho sexo nem raça
Desenho arco-íris e mergulho
Tenho o mundo sem fronteiras
Minha nacionalidade é universal
O desejo é contínuo e sem escalas
Mergulhos em mares e toco estrelas
Entre ouro e prata ,fico com a terra.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Troca


O corpo cheio de vida paralisa
As folhas continuam a cair

Lamenta a primavera que ainda não terminou
Solitária espera, contra mão de vidas.
Chora por olhos fechados
Mas não percebe a alma presente
Frágil sabedoria
Teme seu corpo
Nega a troca

É preciso descalçar os pés
Sentir o barro
Fruto da mesma arvore,
Herdeiros dos mesmos pecados
Permanecemos nus.
Altares não escondem nossas cicatrizes

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Flores cortadas


As flores cortadas ainda perfumam a casa
Ainda somos seis
Fartura de vida e coversas tortas sem sentido
O fogão reclama a ausência de panelas grandes
Em bacias cheias, sobram laranjas
Deixaram de herança os primeiros fios brancos
Revelados em estórias deliciosas
Mãos enrugadas acariciam um a um
Faltam afagos
A boca se nega ,Teima e chama por todos
O sangue arranha as veias
O êlo quebrado dificulta o andar

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Estrela decadente



Sinto a falta do gosto da menta,
Na boca o gosto amargo da língua
A língua busca no céu tocar as estrelas
Olhos caçam em íris sua imagem
Não reconhece seu cheiro
Camufla a própria pele
E ela não se reconhece mais
Caminha pelo abismo do teu corpo e não encontra tua saída
Insensata busca,
Que teima tocar as estrelas
Inútil é seu esforço
Ilusória é sua beleza
Fria não aquece teu corpo

Perto demais ,seu brilho apaga .

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Alforria



Semelhante dor...

Vontades e desejos manifestados na mesma intensidade
Meu corpo manifesta todas as tuas reações
Sinto o mesmo frio que corta tua pele
Esbarro em tuas angustias e aflições
Olho em teus olhos e reconheço meus medos
Se ferir teu corpo, te dou meu sangue
Ele é compatível ao seu
Sou tua espécie e seu reflexo
Gerados no ventre "humano"
Enterrados no mesmo solo.

Nossos filhos sem tuas amarras, cresceram em harmonia
Alforrie teus conceitos
E liberte tua alma.

Desenvolvimento insustentável



Negociadores do bem comum, diplomados em vantagens mesquinhas
Denominam-se cuidadores, monopolisandando em causa própria.
Sofre a mãe, explorada em sua pureza.
Suas lágrimas agora ácidas queimam seus frutos.
Agoniza pela falta do ar em seus pulmões
Pobre Mãe!

São muitos os filhos e seu peito não produz tanto leite
Insiste em sobreviver pelos filhos que ainda não teve
Mãe de tolos que não percebem
Que sem ela não sobreviveram
Sua fonte acabará e sem ela sucumbiremos

sábado, 8 de agosto de 2009

Santo machismo



Costela cobra almas, injusta barganha.
Corpos cobrados não bastam
Querem sonhos, pensamentos e vida.

Mera criatura que cobra patente
Apropria-se do que jamais criou.

Buscam entre linhas tua pose indevida
Cavando ventos, buscando algemas.

Devolvo tua incômoda costela
Sonhos não cabem dentro dela
Ela delimita a esperança e perfura almas

Nego dever o que jamais pedi...

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

fantasmas de carne



Corpos coberto por lençois ainda respiram
Cruéis,lhe oferecem um mundo quadriculado
Rostos desconhecidos e olhares que não são lidos
Escondem suas belezas , pisam em sua individualidade
Fantasmas de carne e sonhos.

A solidão cresce quando não se tem face
Não se reconhece o sorriso
Como é dolorosa a falta do "ser"
Perfeição camuflada ,humilhada pelo peso de mãos
Prisão com pés.

Por baixo da manta ardente ,sentimentos reprimidos
Perdemos sorrisos ,olhares que não se falam mais.
Loucos detentores da liberdade,protetores da conveniência
Escravos do medo ,
vazios roubam sonhos alheios

A "alma é mulher" e ela gera como ninguém ...
Tua luta findará, terminará teu sofrimento

Seu choro 'ainda" escondido, choramos então por vós...

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Gavetas fechadas


Aglomerado de almas sozinhas e carentes
Corredores frios e duros carregam o peso de seu próprio caos.
Esmola ofertada por outro pedinte.
Dignidade esmagada por vontades egoístas
Mercenários de vida,
Contrabandistas do bem maior.
Parasitas em gabinetes de luxo
Entre egos,vadias e paletós.

Suas crias, não passam em túneis de morte.
Gemidos abafados por gavetas fechadas
Soterrados pela indiferença
sufocados pela ambição
Sorrisos cheios de "dentes” mastigam nossa carne.
Voam por cima de nossas cabeças,
Bebendo champanhe e rindo de nós.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Folha ao vento



Não quero mais o frio que tua falta traz
Cresci, sem teu braço ao meu redor
Transformei toda minha angústia em coragem
Tive tanto medo de te perder que nada temo agora.

Saboreio o gosto da minha própria carne
E não me contento mais com tua metade
Meus sonhos empurram meus pés e com ele vou
Caminho pelos desafios com pernas firmes

Ao seu lado não verá mais minha pesada sombra
Tua voz não ecoa mais em meus pensamentos
Fortalecida e segura,contemplo minha raíz
Teu sopro não me levará ao chão.

Não choro mais pela folha ao vento...