sábado, 25 de julho de 2009

Resíduo


Parceria com Natacia Araújo.


Não existe quem a ame
Violo a santidade de teu lar
Em meu corpo, sufoco o orgasmo de teu homem
Ele faz cócegas em meu útero
O que escorre de seu sexo é desmedidamente quente
Encaixa-se em mim sem pena
Eu o engulo, sugo, e tu, imaculada espera teu esposo

De meu ventre saíram seus filhos
Ao meu lado dorme todas as noites
É minha casa que chama de lar
Em meu peito que chora quando está triste
Dediquei minha vida e ele é grato a mim
Ele nunca foi teu
Te usa como quem não tem valor
Não te preserva, não se sente responsável por ti
Tola ,fútil não tem raízes nenhuma que o prenda

Abro bem meu beijo, tenho o retrato dele em meu quadril
Tua cama é morna, embriago tua natureza mal amada
Gostoso sentar na fervura de seus dedos, a boca dele olha-me sangrando
Em nossas íntimas brincadeiras coroam todos os seus gemidos
Ele senta-se no meu colo, ávido por nova mãe
Desfaleço, os bicos enrijecem, desnudo a alma
Ele morde-me cada vez mais fundo
Abre-me sem disfarces
Permaneço, minhas unhas em suas costas são inconsequentes

Realizei seu maior sonho ao dar-lhe teus filhos homens
Como ele queria ser pai
Acariciava minha barriga
Esses são momentos de felicidade real
Não desejos tolos e passageiros
Acha que não me procura em seu leito?
Engana-se, ele me quer como sua mulher
O que diz a você?

Feto podre!Desejo conflito!
Quero o órgão dele em minha boca suja
Um corpo acolchoado de falsas memórias
Adentrando as pernas
Minha criança me beija os seios
Desassossego de nossos gozos escondidos
A casa doente espera-te
Na tua cama abriga um morto que chora
As malas prontas, caladas. Consumamos, sabemos que gosto tem

Você passará, na superficialidade de teus desejos
Os méritos continuarão sendo meus
Sua casa continuará aqui
O amor está vívido
Ele jamais esquece seu lar
E eu estarei esperando toda noite em meu leito
Nos amaremos e não lembrará mais de você

Diálogo com a pureza
O veneno fica, em outra boca
Tenho um lençol quente
Transo e escondo minha dor
Sou vontade
Ela é paixão
Ele é covarde
Gozo por prazeres em instantes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário