quarta-feira, 3 de junho de 2009

Baú dos nossos


E como corríamos pela rua
Por vezes nos escondíamos atrás de morros de areia
Haviam muitos deles por toda a rua principal.
Era o progresso.
Ele finalmente começava a chegar
E fazíamos desses morros nossos castelos e ganhávamos cidades inteiras por batalhas travadas
Nosso elo ia além do sangue
Mas este gritava sempre.
Já que a cada batalha travada, medalhas eram postas em joelhos reluzentes...
O poeta menino rapidamente corria ao resgate
Salvando assim seu soldado e companheira de batalhas

Ele era o comandante e se colocava à frente sempre
Mesmo com tropas tão rebeldes.
E logo elas aconteciam, rebeliões e insubordinações, quantas delas.
Para desespero de seu comandante

Mas tudo logo acalmava.
Pois era quando chegava a melhor hora do dia
Este sim era o melhor de todos os tesouros jamais conquistados em batalhas.

Era a hora do lanche da tarde...

O cheiro de pão fresco nos levava como lobos a caça
Havia cumplicidade total nesta hora
Os olhos que se cruzavam e concordavam
Este sem dúvidas era o momento mais esperado

Mas ainda era o começo
Tantas aventuras ainda os esperavam
E recomeçavam então a planejar novas conquistas e guerras sem fim...
O mundo ainda nem os conhecia
Quanto ainda por fazer

E assim eles cresciam
E mudaram então o cenário, as ruas agora lisas e cheias de carros.
Passos apressados, barulhos e as horas que apressam e empurram.
Derrubando assim nossos castelos

Passaram -se alguns anos
E o poeta deixou de ser menino
E a menina deixou de ser soldado
Mas dentro de salas e baús lotados de lembranças queridas
Ainda se imaginam nos morros e nas batalhas
Estas travadas com toda garra de soldados prontos a novas conquistas
Esperando sempre pelo maior de todos os tesouros

Este aparecia sempre ao final da tarde
Era quando uma voz gritava ao longe:

'CRIANÇAS O LANCHE ESTA NA MESA "


Edina Regina Araujo.

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