domingo, 7 de junho de 2009

Olhos aos Céus

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O sol acabara de nascer e Ana já pulava de sua cama.
Hoje teria aula de ciências, sua aula preferida.
Correu para tomar seu café da manhã.
Oba! Hoje teremos leite.
Este nem sempre aparece por aqui.
O dia estava lindo.
E do alto do morro dava para ver o Cristo
Este era o mais belo cenário do mundo
Éramos privilegiados, imaginem acordar e ver da varanda toda aquela beleza
E vermos ainda aquela imagem abençoando todos nós
Às vezes ficava por horas só admirando a paisagem...
Daqui do alto se fecharmos os olhos e esticarmos bem os braços conseguiremos tocar nas nuvens

Sim, verdade.

E só fechar bem os olhos e esticar bem o braço...

Já estava na hora ir,afinal hoje era o dia da aula mais esperada.

Começávamos então a descer o morro, rumo a escola.
A aula já tinha começado
Atrasada, não é dona Ana?
Dona Leonor era muito atenta aos alunos, ninguém chegava atrasado sem ela perceber...
Chega à hora do lanche.
Ou seria melhor dizer hora da bagunça.
Já que nem sempre tínhamos lanches
Não perdíamos tempo e íamos direto para as brincadeiras
E a aula então chegara ao final.
Agora era à volta para casa
A subida não era fácil, mas fazíamos dela uma escalada as montanhas.
Em filmes usavam mochilas também...
Éramos aventureiros escalando para chegarmos ao topo
E nosso grande prêmio era dado pelo próprio Cristo
Este nos daria a mais bela vista.

E íamos então empolgados com nossa escalada
Mas derrepente um som já conhecido...
E ouvíamos gritos por todo lado
E os gritos também foram abafados, por sons de tiros...
Corríamos, sem direção.
Nossa escalada fora interrompida
E esperávamos em cantos nos escondendo para não sermos vistos ou simplesmente atingidos

E esperamos...
Até que enfim tudo acabara.
Olhos fixados aos céus, não deixavam que olhássemos para nada.
Sabíamos que se olhássemos
Nossa infância se perderia
Nossos olhos jamais verião como antes a beleza da escalada ao monte
Ou jamais Conseguiríamos tocar em nuvens com olhos fechados
Então nos focamos no alto
E partimos em direção a ele
Olhos fixos e coração explodindo de tanto medo
Mas valeria a pena

E chegamos enfim ao topo
Escalamos como bravos
E ao chegamos enfim
E recebidos com abraços e afagos em casa
Parávamos para contemplar aquela vista
O cristo estava lá
E sentimos que conseguiríamos manter por mais um dia
Nosso olhar de criança
Este ainda não fora perdido...

E ficamos felizes em saber
Que teremos ainda mais uma vez o direito de escalar nossos montes.


Edina Regina Araújo

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